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Dia da Mulher:descolonização da estética e a importância da autovalorização para mulheres negras

  • Foto do escritor: O Canal da Lili
    O Canal da Lili
  • 8 de mar.
  • 2 min de leitura

Falar sobre estética vai além da aparência física: engloba autoestima, representação e, principalmente, diversidade. Assim, as discussões sobre como os padrões de beleza impostos na sociedade afetam as mulheres ganham cada vez mais importância, principalmente em março, mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher.


Desse modo, quando se fala em um padrão de beleza instituído, historicamente há uma exclusão de traços étnicos, com uma valorização constante de perspectivas eurocêntricas. Essa realidade contribui para um cenário de estigmatização, que leva a uma diminuição da autoestima das mulheres negras.





Nesse contexto, a biomédica esteta, Jéssica Magalhães, especialista com mais de 10 anos de experiência no cuidado à pele preta tem se destacado ao propor uma nova abordagem da estética, pautada na descolonização e valorização dos traços étnicos naturais. “A valorização da ancestralidade é um dos princípios de minha prática clínica, juntamente com a naturalidade dos resultados. Eu não acredito e nem vivencio o conceito arrogante de reduzir 8 bilhões de pessoas a um único modelo padrão. Então, é atraves do conhecimento profundo da estrutura e reação do corpo negro que consigo tratar o que é necessário, elevar autoestima e resgatar essa potência ancestral sem a escassez de beleza dos procedimentos de padronização”, comenta.


Para ela, atuar na estética permite combater séculos de preconceito, resgatando o conceito de beleza a partir do olhar negro e exaltando traços que foram historicamente marginalizados. Um estudo da Universidade de San Diego, intitulado "Beholding the Beauty of Self", reforça essa visão, mostrando que a valorização da aparência fortalece a identidade e proporciona uma sensação de pertencimento e controle, especialmente para mulheres negras.


Contudo, descolonizar a estética é um desafio que demanda tempo, indo além de aspectos técnicos. Devido há muito tempo de reforço de um padrão de beleza eurocêntrico, principalmente nos meios midiáticos, esse trabalho também demanda uma mudança cultural e psicológica.


A mídia, ao perpetuar um padrão de beleza restrito e excludente, desempenha um papel crucial na formação da autoimagem das pessoas negras. A pesquisa TODXS/10, realizada pela ONU Mulheres e pela Aliança #SemEstereótipos, aponta que a presença negra na publicidade brasileira ainda é baixa. Como consequência, há um reforço de padrões de beleza excludentes, fator que leva pessoas negras a procurarem procedimentos invasivos para se adequar a um ideal inatingível, muitas vezes ao custo de sua saúde mental e física.


Jéssica Magalhães observa que muitas das suas pacientes buscam procedimentos estéticos para se aproximar de um padrão de beleza branco, muitas vezes sem perceber que essa busca é influenciada pela falta de representatividade e incentivo ao reconhecimento dos próprios traços como belos. "Nós temos que reescrever o que é belo de acordo com a nossa ancestralidade, não a de outros povos. É reconstruir um conceito profundo e intimamente relacionado a mágoas e opressões. Só assim resgataremos a força de nossa identidade ", explica.


Uma abordagem que ganha cada vez mais força com a ascensão de movimentos dedicados à valorização de traços étnicos, a descolonização da estética surge como uma forma de construir uma nova visão de beleza para mulheres negras, mais pautada na diversidade e inclusão.

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